Portugal será o único país da OCDE em recessão em 2012 (act.)
25 Maio 2011
À semelhança da Comissão Europeia, também a OCDE calcula que Portugal venha a ser o único país do mundo desenvolvido a sofrer uma contracção económica neste e no próximo ano. Ainda assim será mais leve que a antecipada por Bruxelas.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que hoje divulgou as suas previsões de Primavera, é a segunda instituição a recalcular a trajectória da economia nacional, depois de Portugal ter finalizado o programa de ajustamento com o FMI e a União Europeia, a troco do empréstimo externo de 78 mil milhões de euros. E é a segunda a advertir para uma recessão mais cavada e um desemprego muito mais amplo do que se previa há seis meses.
A OCDE antecipa agora que a economia portuguesa encolha 2,1% neste ano e 1,5% no próximo, tornando-se, em 2012, na única em recessão entre as 34 que integram a organização. A Grécia, que está desde 2009 em terreno negativo, deverá conseguir quebrar o ciclo vicioso e expandir-se, ainda que muito pouco (0,6%), nesse ano.
Ainda há seis meses, a OCDE previa que Portugal sofresse uma contracção de 0,2% neste ano, seguida de uma expansão de 1,8% em 2012. Ainda assim, os novos números são menos sombrios do que os recentemente divulgados pela Comissão Europeia, que prevê recuos do PIB de 2,2% e 1,8%, em 2011 e 2012, respectivamente.
Consumo em retracção inédita
Por detrás da contracção da economia portuguesa está sobretudo a previsão de um recuo, provavelmente sem precedentes, do consumo privado, variável determinante para a evolução do PIB.
Entaladas entre cortes de salários, aumento de impostos directos e indirectos e subida dos juros, as famílias portuguesas serão forçadas a pôr pé fundo no travão dos gastos, com a OCDE a prever um recuo de 4,1% neste ano e de 3,7% no próximo.
Estes dados são consistentes com o alerta do Banco de Portugal que, na semana passada, advertiu para a iminência de um recuo “sem precedentes” do rendimento disponível das famílias.
Igualmente em forte retracção está o investimento. A queda antecipada para 2011 duplica o recuo de 5% registado em 2010 e será seguida de um novo corte de 6,7% em 2012.
Já o consumo público só deverá começar a recuar neste ano, confirmando que o “ano 1” da consolidação orçamental é 2011: cairá 7,2% e depois 5,6% em 2012, depois de em 2010 ainda ter crescido 1,8%.
As exportações continuarão a crescer, ainda que a um ritmo ligeiramente inferior – 6,4% neste ano e 7,4% em 2012, abaixo dos 8,8% observados em 2010 – e as importações vão cair. Mas com todas as componentes da procura interna em forte retracção, o empurrão do sector exportador será insuficiente para manter a economia à tona da água e evitar uma recessão.
As previsões trimestrais da OCDE sugerem ainda que a fase mais aguda da retracção se observe no último trimestre deste ano e para a possibilidade de Portugal entrar em 2013 ainda em terreno negativo.
25 Maio 2011
À semelhança da Comissão Europeia, também a OCDE calcula que Portugal venha a ser o único país do mundo desenvolvido a sofrer uma contracção económica neste e no próximo ano. Ainda assim será mais leve que a antecipada por Bruxelas.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que hoje divulgou as suas previsões de Primavera, é a segunda instituição a recalcular a trajectória da economia nacional, depois de Portugal ter finalizado o programa de ajustamento com o FMI e a União Europeia, a troco do empréstimo externo de 78 mil milhões de euros. E é a segunda a advertir para uma recessão mais cavada e um desemprego muito mais amplo do que se previa há seis meses.
A OCDE antecipa agora que a economia portuguesa encolha 2,1% neste ano e 1,5% no próximo, tornando-se, em 2012, na única em recessão entre as 34 que integram a organização. A Grécia, que está desde 2009 em terreno negativo, deverá conseguir quebrar o ciclo vicioso e expandir-se, ainda que muito pouco (0,6%), nesse ano.
Ainda há seis meses, a OCDE previa que Portugal sofresse uma contracção de 0,2% neste ano, seguida de uma expansão de 1,8% em 2012. Ainda assim, os novos números são menos sombrios do que os recentemente divulgados pela Comissão Europeia, que prevê recuos do PIB de 2,2% e 1,8%, em 2011 e 2012, respectivamente.
Consumo em retracção inédita
Por detrás da contracção da economia portuguesa está sobretudo a previsão de um recuo, provavelmente sem precedentes, do consumo privado, variável determinante para a evolução do PIB.
Entaladas entre cortes de salários, aumento de impostos directos e indirectos e subida dos juros, as famílias portuguesas serão forçadas a pôr pé fundo no travão dos gastos, com a OCDE a prever um recuo de 4,1% neste ano e de 3,7% no próximo.
Estes dados são consistentes com o alerta do Banco de Portugal que, na semana passada, advertiu para a iminência de um recuo “sem precedentes” do rendimento disponível das famílias.
Igualmente em forte retracção está o investimento. A queda antecipada para 2011 duplica o recuo de 5% registado em 2010 e será seguida de um novo corte de 6,7% em 2012.
Já o consumo público só deverá começar a recuar neste ano, confirmando que o “ano 1” da consolidação orçamental é 2011: cairá 7,2% e depois 5,6% em 2012, depois de em 2010 ainda ter crescido 1,8%.
As exportações continuarão a crescer, ainda que a um ritmo ligeiramente inferior – 6,4% neste ano e 7,4% em 2012, abaixo dos 8,8% observados em 2010 – e as importações vão cair. Mas com todas as componentes da procura interna em forte retracção, o empurrão do sector exportador será insuficiente para manter a economia à tona da água e evitar uma recessão.
As previsões trimestrais da OCDE sugerem ainda que a fase mais aguda da retracção se observe no último trimestre deste ano e para a possibilidade de Portugal entrar em 2013 ainda em terreno negativo.
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